quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Tradições, Costumes e Clássicos: conceitos e dificuldades para o estudo da Antiguidade

[sugestão de modelo reconstituído do Partenon]

por Natalia Razal



O trabalho a seguir teve como ponto inicial um debate on line durante a aula Fontes de Consulta, Problemas e Periodização da História Helênica dentro da Educação Básica para Membros do RHB. A partir da leitura das obras referenciados ao final, os alunos foram convidados a questionar os conceitos de clássico, costume e tradição, além da problemática teórica e metodológica existente para os pesquisadores acerca da investigação da história Helenística. 

Antes de traçar um pensamento sobre a utilidade dos conceitos citados acima e estudados nos textos indicados pelo curso para se pensar a história da Hélada, faz-se necessário a compreensão dos mesmos. Primeiramente precisamos ter em mente o sistema criado pelos investigadores de divisão da história de acordo com o progresso tecnológico das armas utilizadas pelo homem. Finley define esse sistema como inadequado, no entanto o mesmo continua sendo utilizado. 

Iniciaremos esse estudo com o conceito de clássico. Ao pesquisarmos sua definição no dicionário o termo está intimamente ligado a um padrão a ser seguido, um exemplar de melhor qualidade. Segundo Fullerton, o período Clássico tem seu status super valorizado, onde as outras épocas são comparadas, como sendo um exemplo a ser seguido, tendo seu prestígio intocável no decorrer dos tempos posteriores até a atualidade. 

“(...)uma arte clássica reflete o pico de um desenvolvimento e possui uma qualidade inexcedível; (...), por ter atingido um estado de perfeição, a arte clássica funciona como um padrão ou “norma” pelo qual são medidas as outras formas de arte.”(Fluertton, p. 20)

Esse conceito, segundo o autor, é possível verificar nos monumentos onde essa definição de perfeição são congelados e comparados com os períodos/estilos posteriores. Um ponto discutível é o que é considerável clássico, já que isso depende do contexto de quem o define está inserido.Para Fullerton - “(...) a Grécia clássica é também uma realidade histórica; (...), e neste sentido foi construída de umaoutra forma, não somente pela população da sua época, mas também pelas gerações precedentes.” (p.16). No entanto, a credibilidade do que é definido como sendo clássico nos deixa numa zona de conforto durante nossas pesquisas, o que não aconselhável.

Para diferenciação entre os conceitos de costume e tradição, Hobsawm foi muito feliz. Enquanto que a tradição impõe práticas fixas demonstrando nesse sentido sua fraqueza, o costume não impede a inovação, a busca por novas práticas que se adaptem ao período de quem o está praticando, mantendo a coerência. O que nós estudiosos devemos estar atentos sempre são às fontes consultadas, para distinguir o que realmente é uma tradição autêntica e o que é tradição inventada, se os interesses particulares do pesquisador não estão intrínsecos em suas análises – “Não é necessário recuperar nem inventar tradições quando os velhos usos ainda se conservam” (Hobsawm, p.16).  

Além disso, os costumes e tradições  são transmitidas de geração em geração, mantendo sua continuidade e adaptando-se com as novas realidades que os indivíduos que os praticam estão vivendo, independente das divisões temporais traçadas pelos estudiosos.
“(...) o modo pelo qual a transição de um período histórico por outro acaba sendo ensinada, não pressupõe uma ruptura nos costumes e práticas dos sujeitos que ali vivem, afinal, tais periodizações são convenções acadêmicas voltadas para a sistematização de acontecimentos diversos.” (Assunção, p.109)

Uma das dificuldades que encontramos é a reavaliação das informações por conta de novos achados arqueológicos e documentais, alterando alguns conceitos e verdades pré-determinadas. Por conta disso as informações/conclusões são alteradas a cada descoberta nova. Além disso, os pesquisadores se utilizam apenas das evidências arqueológicas para entender/estudar civilizações que não dominavam a escrita. Como o domínio da escrita em civilizações primitivas foi restrito, a carência de dados documentados faz com que relatos históricos nos dêem a impressão de que alguma coisa está faltando, algum contexto, e em alguns casos isso realmente podeacontecer. Fazendo com o pesquisador ou o estudante esteja tendo uma interpretação errônea/diferente e informações imprecisas.“O ponto vulnerável mais sério é a impossibilidade de fixar com o mínimo de precisão o ritmo da mudança, (...). Deve-se sempre considerar uma margem de erro, mesmo nos novos testes científicos como o carbono 14. (...)” (Finley, p.11), essa margem de erro citada por Finley causa uma problemática de criação de idéias falsas. Acrescentamos ainda que a cronologia é diferente em cada região da “antiguidade”, as sociedades evoluíram em períodos diferentes.

Nós estudantes devemos estar sempre atentos e mantendo o senso crítico em nossas fontes, verificando em qual contexto social e político o investigador estava inserido ao fazer suas publicações. No entanto, apesar das dificuldades e a partir do amadurecimento intelectual, as análises nos norteiam para nossas práticas e estudos. 

Referência
ASSUMPÇÃO,Luis Felipe Bantin De. As Periodizaçãoes da Hélade - considerações acerca dos conceitos de arcaico, clássico e helenístico . Revista Eletrônica de Antiquidade

FINLEY, Moses I. A Grécia Primitiva: idade do bronze e idade arcaica. São Paulo: Martins, 1990.

FULLERTON, Mark. Introdução – conceitos de clássico. In: ______. Arte Grega. Tradução de Cecília Prada. São Paulo: Odysseus, 2002.

HOBSBAWN, Eric. Introdução – A Invenção das Tradições. HOBSBAWN, Eric; RANGER, Terence In: A Invenção das Tradições. São Paulo, ed. Paz e Terra, 1997.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Novos Convocados

Tendo em vista atender a um número maior de candidatos, a comissão gestora do Programa de Educação Básica para Membros do RHB tomou por bem convocar mais três novos candidatos, adotando como critério a ordem classificatória final.  Sendo assim, o grupo convida os candidatos abaixo listados a enviarem para o e-mail petraios.rhb@gmail.com cópia escaneada ou fotografia legível de documento de identificação além do endereço completo. 

Os candidatos convocados são:

1. André Nogueira
2. Klaus Eduardo Rocha
3.  Victor Araújo Coutinho

Atenciosamente,

Thiago Oliveira
representante responsável


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Resultado - Processo Seletivo EBM

Carxs amigxs,

após um mês de inscrições recebemos quase trinta e cinco propostas de membros com interesse em participar do Programa de Educação Básica para Membros, o que sem dúvida é uma surpresa e nos deixa bastante orgulhosos do progresso que a comunidade helênica no Brasil vem galgando e também pela consideração e estima que todos os inscritos demonstraram ter ao confiar em nosso trabalho. Sem mais delongas, apresentamos a seguir como foi realizada a avaliação das propostas e por fim os membros selecionados para compor a primeira turma do programa.

Critérios de Avaliação

Após conferir cada uma das inscrições submetidas, todas as propostas enviadas foram pontuadas segundo os critérios definidos previamente pelas normas do processo seletivo, a saber: experiência devocional, envolvimento com o RHB (não apenas no grupo oficial mas nas diversas iniciativas que estão ligadas a ele, a exemplo dos grupos de prática, do Diretório de Tradutores e dos blogs que compõem projetos individuais dos seus membros), escolaridade, proficiência em língua estrangeira, além do devido preenchimento do formulário e do cumprimento da norma de maioridade legal. Ainda com relação ao formulário, tendo em vista a falta de clareza e a aparente falta de trato de uma parte significativa dos inscritos com esse tipo de processo, a comissão avaliadora tomou por bem considerar uma margem de tolerância de até um item equivocado, que deveria ser corrigido pela candidato quando da aprovação e efetivação no curso - candidatos com dois ou mais erros ou equívocos no preenchimento do formulário foram automaticamente eliminados. 

Cada um dos itens apresentados foram avaliados e pontuados conforme a tabela abaixo. Conferiu-se um peso maior às atividades relacionadas ao RHB e também à experiência devocional; além disso escolaridade e proficiência em língua estrangeira foram considerados como itens classificatórios em caso de empate. 

Tendo somado as pontuações, cada um dos inscritos teve sua pontuação rankeada de forma que os dez com as melhores pontuações foram automaticamente aprovados, e dentre os 22 restantes, coube a cada um dos seis orientadores que atualmente compõem a equipe do RHB a possibilidade de indicar uma pessoa, independente da posição ou pontuação em que se encontrasse.  Desse processo resultou a lista de 16 membros que formação a primeira turma da EBM, com início previsto para a primeira semana de fevereiro do corrente ano.

Lista de aprovados
1- André Carvalho 
2 - Bernardo Resende
3 - Camila Mata
4 - Caroline Fontes 
5 - Cinara Cesário 
6 - Denilson Inácio 
7 - Diego Rezende
8 - Diego Vilaça
9 - Giivago Oliveira
10 - Janilson Gomes
11 - Josie Machado
12 - Leonni Moura 
13 - Marco Bortoletto
14 - Natalia Sciammarella
15 - Ruan Mendes
16 - Willbert Luiz 

Pontuações
Todos os candidatos que participaram do processo seletivo para EBM podem consultar suas notas enviando e-mail para petraios.rhb@gmail.com, informando o nome completo. 

Próximas etapas
Cada um dos membros selecionados deve conferir na sua caixa de e-mail as orientações para as próximas etapas da EBM. Em caso de descumprimento, o candidato será eliminado, sendo convocado o melhor colocado na ordem de pontuação.

Sejam todxs bem vindos!